Especialista afirma que conhecimento e conscientização ainda são meios mais confiáveis de combate às hepatites

Dia 28 de julho marca o Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, que continuam infectando milhares de pessoas no Brasil e no mundo

São Paulo, julho de 2022. Hepatites virais são, historicamente, um grande desafio de saúde pública no Brasil. De 1999 a 2020, foram notificados mais de 680 mil casos de hepatites virais no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), de acordo com o Boletim Epidemiológico de 2021 da Secretaria de Vigilância em Saúde e do Ministério da Saúde.

Outra recente pesquisa conduzida pelas Organizações Pan-Americanas de Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que a pandemia do COVID-19 afetou diretamente o diagnóstico e tratamento das hepatites B e C em países da América Latina, o que ameaça a meta de eliminação dessas hepatites virais nesses países.

As hepatites mais comuns no Brasil são causadas pelos vírus A, B e C que podem ser transmitidos pelo contágio fecal-oral, por transmissão sexual ou sanguínea e verticalmente (de mãe para filho). “A hepatite do tipo A, classicamente de transmissão fecal-oral, acomete preferentemente crianças  em comunidades com deficientes recursos sanitários. A hepatite do tipo B, de transmissão sanguínea, sexual e vertical, possui taxa média de transmissão vertical de 80% em sua fase aguda e de 8% em sua fase crônica”, explica  o presidente da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas da FEBRASGO, Dr. Geraldo Duarte.

Por sua vez, informa Duarte, a hepatite C também pode ser transmitida por via sanguínea, sexual e vertical, apresentando taxa de transmissão mãe-filho entre 3,5% a 6,5% quando crônica, e quando aguda essa taxa pode chegar a 27%”. “Além disso, a hepatite do tipo C tem uma característica curiosa, quando associada ao vírus do HIV a taxa de transmissão vertical passa a ser, em média, de 18%.

Segundo as OPAS, nas Américas, dados mostram que há 10 mil novas transmissões de hepatite B e 23 mil mortes a cada ano. Estimativas da OMS indicam que a cada ano acontecem 67 mil infecções por hepatite C e 84 mil mortes por essa causa.

“A hepatite do tipo C não tem vacina e nem imunoglobulina como a hepatite B, mas tem tratamento altamente efetivo. Existe vacina contra a hepatite B e imunoglobulina e, caso você tenha contato com uma pessoa positiva e tenha medo de ser infectado, você pode evitar a infecção com o uso da vacina concomitante ao uso da imunoglobulina (anticorpo contra o vírus)”, completa o especialista.

A melhor forma de combater as hepatites virais, diz, ainda é pelo conhecimento e conscientização, tanto dos profissionais da saúde quanto da população. “Os desafios e as soluções estão na comunidade e nos vários ambientes da assistência em saúde, sejam de infraestrutura, gestão de recursos ou assistenciais. Portanto… da comunidade assistida e da que assiste”, finaliza o Dr. Geraldo Duarte.